Você transformou meu inverno em verão
As paredes ao
meu redor pareciam feito de gelo, resistente, azul e eterno. A estrutura do
inverno e da neve que corrompiam o outono cheio de dourado e meu coração.
Tentava quebrar
a monotonia, descosturar as barreiras dos fios de cobre de mais uma relação sem
calor. Algo que eu mesma dei um fim, por não ser amada.
Um dia eu seria
realmente amada por alguém?
Eu buscava
cores, quando apenas sentia o cinza. Olhava para o céu buscando o azul, mas via
apenas nuvens.
Era outono, mas
parecia que havia cristais de gelo formigando minha pele, gelando com o sabor
do fim.
Conhecer você
foi um acaso. Não sei se é pertinente colocar toda a minha fé em algo que as
pessoas chamam de destino e, mesmo se fosse, talvez não estivesse pronta para
admitir.
Sei apenas que,
conforme iria conhecendo, os dias começaram a se tornar menos frios. Não que
ainda não sentisse o gelo. Não que não colocasse um casaco como se o mundo
fosse feito de flocos de neve como o vazio que sentia. Não que não colocasse
luvas, pois ainda temia me entrelaçar no calor de suas mãos.
Mas começava
sentir.
Começava a
observar os primeiros raios de sol sorrirem por trás das nuvens. A sentir o ar
esbaforido da minha fala arrebentando meus lábios com as primeiras palavras
casuais. A aproveitar a afabilidade de sua fala sobre tons mundanos e frases
efêmeras que ressoavam novamente sobre minha mente ao longo da semana.
Eu sentia a
neve derretendo quando caminhávamos um do lado do outro. Como se a manhã
flutuasse quando estava perto de você. Não precisava de cachecóis quando seu
braço envolvia meu pescoço. Não temia a geada, pois averiguava que ainda
existia esperança.
E mesmo quando
outono se despediu e o inverno entrou como um convidado inesperado em uma festa
exclusiva, não conseguia enxergar nada que não fosse verão. O verão que
lembrava água salgada como o sabor oceânico do seu beijo. O verão que você se
sentia sempre aquecido, porque via em você o meu sol. O verão que me lembrava o
azul dos seus olhos contemplando o chocolate dos meus.
O verão que lembrava
o calor do amor, mesmo que soubesse que a estação lá fora era o inverno.
Não existe frio
quando se está apaixonada.
E se é
verdadeiramente amada.
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