Multidões sempre me assustaram. Não lembro quando isso começou, o primeiro gatilho. Mas sei que me sinto sufocada em lugares cheios desde os sete anos. Era praticamente invisível na escola, uma voz enclausurada em uma gaiola de pânico. Desde então busco conforto em lugares mais isolados. Bibliotecas cheias de poeira, livrarias com novas sequências dos meus livros favoritos, aulas de pintura, meu quarto. Qualquer lugar que não seja notada. Quando vou a uma festa, sempre estou com um livro bem grosso de muleta e respostas prontas que ensaiei na noite anterior. Não vou chamar você para conversa. Estou ali apenas para responder e voltar ao meu confortante silêncio. Se você me chamou para sair, sinto muito. Provavelmente irei desmarcar um dia antes, alegando qualquer tipo de problema. Na verdade apenas estarei em casa, exausta com a ideia de sair. Certamente terei passado a noite toda revirando o travesseiro pensando nesse dia, em como farei algo humilhante no nosso encontro. Vou
Mãe, Hoje é seu dia. Quer dizer, para mim, todos os dias são seus. Todos os dias são especiais com você, mãe. Você está presente nas minhas melhores lembranças. Está comigo desde as lembranças que não tenho. Você suportou meus choros noturnos, escutou minha primeira palavra, ensinou-me como sentar e caminhar. Viu meu cabelo crescer, aguentou meus pedidos inacreditáveis quando criança. Suportou minhas escolhas calculadas quando tinha cinco anos e as famosas birras e implicâncias. Levou-me para a escola, mesmo sabendo que naquele dia, naquele primeiro dia de aula, iria machucar tanto nós duas. Estava do meu lado quando ralei o joelho depois de correr demais. E aguentou meus pedidos incessantes para ter um cachorro, mesmo que nosso quintal fosse relativamente pequeno. Você leu o meu primeiro livro, quando apenas podia observar as gravuras e me encantar com as cores. Me ensinou a escrever, desenhar palavras e moldar significados. Você me apoiou em meus dias mais escuros e