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PALAVRAS

Eu sempre tive problemas com as palavras
Elas eram as lanças que me feriam
E os braços que me acolhiam
Lágrimas com um sorriso incompleto

Um quarto e um fone de ouvido
Com músicas tristes fluindo abafadas
Elas não pareciam mais estagnadas
Elas eram parte de mim

Ao lado de uma caneta
Com um papel branco nas mãos
Eu poderia afastar toda a solidão
Que sentia cada segundo, cada segundo

Queria abrir os olhos
E ver que tudo aquilo era real
Que cada pedaço fictício e surreal
Era meu novo presente

E então eu olhava para a lua
Por trás da cortina que balançava
E me encolhia e soluçava
Tentando ignorar toda a dor

Queria que uma estrela
Pudesse atender um singelo pedido
Palavras que meus dedos haviam proferido
Sobre um céu de sonhos

As palavras são minha companhia
Elas são o que meus lábios calam
O sopro de emoções que dançam
Agora apenas para mim, para mim

Há um constante nó no meu peito
E eu me sinto tão despedaçada
 Carregando palavras abandonadas
E construindo castelos que se quebrarão

Eu continuo olhando pela janela
Poemas sangrando pelas frestas
Desenhando tudo que me resta
Tudo que o vazio deixou

Jamais irei encontrar alguém como você
Mas tudo que me resta é escrever
Tentar com todas as forças me convencer
Que posso sobreviver longe de você

Palavras, apenas e apenas palavras
É a minha única maneira de expressar
O que meu coração não pode suportar
Estar  mais uma aurora longe de você

Palavras que me ferem e reconstroem
Espero que possam passear
Pelo céu, na estrada ao luar
Para mostrar-te meu amor



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