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SAPATILHAS


A ponta do meu pé toca o chão
Eu sinto suavemente a pressão
Para o meu corpo se sustentar
E um sorriso me alentar

Seguro-me em minha confiança
Sobre o palco confidencio uma aliança
De permanecer, de brilhar
Mesmo que esteja a beira de desabar

A roupa parece voar
Com o sopro da brisa, rodar
Eu sou fraca, mas me sustento
Mesmo com um leve estremecimento

Dou alguns passos, sigo a batida
De uma música suave de tristeza e vida
Incorporo o som e seus gestos
A sonoridade mutua de um adeus modesto

Despedida e presença, chegada e partida
Flutuo sobre o chão ligeiramente abstida
Engasgada por luzes que remetem o amanhecer
Rosáceo e partido, um belo enaltecer

Aproprio-me de movimentos mais rápidos
Meus dedos sentem um toque acido
Da sapatilha rasgando o chão cinzento
Um lamento rápido e sedento

Giro apoiando-me no vento
Batidas cardíacas em um constante aumento
Estilhaçada pela liberdade da dança
Sinto-me felicita como uma criança

O violino parou de tocar
Minha sapatilha enfim pode parar
Ainda estou agitada, repartindo respirações
Tocada por novas inspirações

Sou tocada por aplausos profusos
Mesmo insegura, com pensamentos confusos
Consigo acenar e sentir
Que mesmo incerta, o melhor está por vir

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